domingo, 24 de março de 2013

Referências Orientais em Inuyasha - Parte 1



Aisatsu yo!
Criado pela mangaka Rumiko Takahashi, apesar de ser um mangá shounen (voltado para meninos), Inuyasha conquistou tanto o público masculino como o feminino, desde o início da publicação de seu mangá, em 1996 no Japão, até o seu término em 2008.
Ambientado na maior parte do tempo na época do Japão Feudal, o anime/mangá traz diversas referências sobre a cultura tradicional japonesa, folclore, religiões, youkais, enfim… da magia do mundo oriental.
A seguir, trago a vocês as referências orientais que embasaram a criação dos principais personagens e dos principais elementos desde anime/mangá que conquistou gerações de fãs nestas bandas ocidentais.

Inuyasha
O personagem principal que dá nome à série, Inuyasha, é um han’you, ou seja, um meio-youkai, filho de pai youkai e mãe humana. O termo “han’you”, foi cunhado a partir dos kanjis “han”, que significa “meio, metade”, e “you”, o primeiro kanji que forma a palavra “youkai”. Inuyasha é um youkaido tipo cachorro inspirado no Inugami, um youkai do folclore japonês criado a partir dos espíritos de cachorros que geralmente eram assassinados para esse propósito. O nome do Inuyasha, ao contrário da crença popular, não significa “cão demônio”, mas sim “Cão-Yasha”. Yasha é uma classe de criaturas sobrenaturais do budismo e do hinduísmo, conhecida como uma das Oito Legiões guardiãs do budismo. Yakushi Nyorai, o Buda da Medicina, é representado tendo 12 guerreios Yasha em sua guarnição. Os Yashas são espíritos naturais guerreiros, manifestações das árvores e das florestas. Mas, como tudo na vida, podem ser bons ou maus. No hinduísmo, os Yashas também possuem uma representação ‘demoníaca’, aparecendo como comedores de outros ‘demônios’ chamados Raksha (Rasetsu, em japonês). A expressão Raksha também pode ser usada para se referir a essa última representação de Yashas, e Rakshas também possuem representações benevolentes no budismo. Então, cuidado ao demonizar as crenças dos outros, certo? As coisas não são exclusivamente ‘pretas’ ou ‘brancas’ no oriente.

Kikyou
Sacerdotisa de seu vilarejo e guardiã da Joia-de-Quatro-Almas, Kikyou era apaixonada por Inuyasha. Morreu protegendo a Joia de Naraku. Kikyou é uma miko, uma sacerdotisa. A palavra “miko” pode ser escrita de duas formas, significando “médium criança” ou “médium menina”. Na época do Japão Feudal, havia basicamente três tipos de mikos: aquelas ligadas a um santuário xintoísta e que auxiliavam na liturgia, e que existem até hoje; as que eram mikos itinerantes, que viajavam de vilarejo em vilarejo; e as que optavam por se estabelecer em uma vila específica. Kikyou representa esta última figura de miko. Seu nome é o nome de uma flor, a Campânula Chinesa, uma bela flor de cinco pétalas que, quando em botão, é um pentágono perfeito. Ao desabrochar, a Campânula é um simbolismo do Pentagrama.

Kagome
A protagonista feminina da série teve seu nome mudado para Agome na tradução brasileira do anime. Reencarnação da sacerdotisa Kikyou, Kagome também herdou seus poderes espirituais de miko. O nome da Kagome não é escrito com nenhum kanji, não possuindo, assim, algum significado. No entanto, kagome é uma palavra utilizada para designar um curioso padrão de bambu utilizado na época do Japão Feudal para a construção de cestas, que forma a figura do Hexagrama.

Miroku
Monge budista integrante do grupo dos protagonistas, Miroku carrega em sua mão direita um kazaana, um “buraco do vento” capaz de sugar qualquer coisa, uma maldição familiar dada por Naraku a seu avô, e que desde então passa de pai para filho. À medida que os anos passam, o buraco do vento cresce, até o momento em que sugará o seu próprio dono. Também teve seu nome alterado na tradução brasileira para Mirok. Nosso mulherengo monge Miroku teve seu nome retirado de Miroku Bosatsu, também conhecido como o Buda do Futuro, o salvador, aquele que irá renovar o budismo no mundo.

Hachiemon
Youkai companheiro de Miroku quando este viajava sozinho, é um Tanuki, um guaxinim que consegue mudar de forma. Baseado nos Tanukis, um dos tipos de Mononoke, espécie de Bakemono, mais famosos no Japão, que são youkais conhecidos pelas habilidades de mudar de forma e de pregar peças nos seres humanos.

Shippou
Youkai do tipo raposa que integra o grupo dos protagonistas. Shippou é baseado nas Kitsunes, outro tipo de Bakemono mais famoso no Japão. Assim como todos os Bakemonos, as Kitsunes são conhecidas pela habilidade de transformação e de pregar peças, o que é bem visível nesse personagem, seja em seus ataques ou nas peças que prega em Inuyasha. Seu nome significa “Sete Tesouros”, e se refere a um conjunto de sete pedras preciosas do Budismo (em japonês, shippou; em chinês, qibao; em sânscrito, saptaratna). Na China, estas pedras são: ouro, prata, âmbar, coral, vidro, ágata e ostra. No Japão, são: ouro, prata, pérola, ágata, cristal, coral e lápis lazuli. É possível ainda encontrar outras variações em diversos sutras budistas.

Sango
Exterminadora de youkais, Sango é a última integrante do grupo dos protagonistas. Teve todo o seu clã assassinado e seu irmão, Kohaku, sequestrado por Naraku. Seu nome significa “coral”, e é um dos “Sete Tesouros” do Budismo. O nome de seu irmão, Kohaku, significa “âmbar”, outra pedra do mesmo conjunto.

Kirara
Youkai gata de duas caudas de Sango, Kirara possui duas formas: a primeira e mais frequente, como uma gatinha de tamanho pequeno; e a segunda, usada em batalha, como uma gata feroz e de grande porte, podendo carregar até duas pessoas em suas costas. Kiraka é uma Nekomata, um Bakeneko de duas caudas, ou seja, um gato-youkai também do tipo Mononoke, espécie de Bakemono, sendo sua principal habilidade a de mudar de forma.

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